Lluís Soler
Barcelona, 03-05-1920 - Florianópolis (Brasil) 19-02-2011
PortuguêsLuis Soler Realp (Lluis Soler i Rialp) nasceu em Barcelona em 03 de maio de 1920. Foi músico e poeta atuante em seu país até 1952, quando se mudou para o Uruguai e em seguida para o Brasil, onde se naturalizou. Tocou na Orquestra Sinfônica de Porto Alegre, lecionou durante vinte e cinco anos (1960-1985) na Universidade Federal de Pernambuco e por cinco anos (até 1990) em Florianópolis, onde ainda daria aulas particulares até os oitenta anos, completando quarenta de atividade ininterrupta de ensino de violino no país. Após um curto período de senilidade, veio a falecer em Florianópolis em 19 de fevereiro de 2011.
Estudou violino com Eduardo Toldrá, Mariano Perellò e Joan Massià, importantes músicos do cenário musical catalão no século XX, e teve sua vida de estudos interrompida pela Guerra Civil Espanhola, onde foi oficial médico. Finda a Guerra, teve participação destacada na oposição cultural ao franquismo, inclusive publicando dois livros de poemas em catalão (atividade então proibida) nos anos 1940.
Dentre as informações disponíveis sobre sua carreira musical na Catalunha, destacamos que Soler estreou em recital em 1944, em 1947 solou um concerto de Tartini e o Concerto n° 1 de Max Bruch, op. 26, com a Orquestra Filarmônica de Barcelona, e em 1950 deu um ciclo de três recitais intitulado A Sonata para violino na Alemanha, tocando 12 sonatas para violino e piano de autores diferentes (Bach, Telemann, Haendel, Haydn, Mozart, Beethoven, Schubert, Schumann, Brahms, Richard Strauss, Max Reger e Hindemith), explanando sobre cada uma delas e sobre o desenvolvimento, pelos compositores alemães, da sonata na história da música.
Em sua breve passagem pelo Uruguai, teve contato com o regente húngaro Pablo Komlós, que se refugiou na América do Sul durante a Segunda Guerra Mundial. Convidado por Komlós, Soler mudou para Porto Alegre, capital do Estado do Rio Grande do Sul, vizinho do Uruguai, para tocar na recém criada Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (OSPA). Ali permaneceu por três anos, deixando o cargo em 1960 para ser professor de violino na Universidade Federal de Pernambuco, na cidade do Recife.
Nos vinte e cinco anos em que foi professor da UFPE, Soler foi responsável pelo desenvolvimento musical da cidade e região. Teve contato com a riqueza folclórica do Nordeste brasileiro, o que o levou a empreender uma pesquisa etnomusicológica que resultou em um livro fundamental na área, intitulado Origens Árabes no Folclore do Sertão Brasileiro. Também trabalhou brevemente na cidade de João Pessoa, capital da Paraíba, Estado vizinho (as cidades ficam a apenas 130 km uma da outra). Dirigiu a Orquestra de Câmara da UFPE, para a qual produziu inúmeros arranjos para orquestra de cordas de obras de todos os níveis técnicos e gêneros musicais. Como violinista, deu recitais na Alemanha, em 1964, e na Espanha, em 1966, e realizou a estreia mundial de uma das mais executadas obras brasileiras para violino, o Desafio III para violino e cordas de Marlos Nobre, sob a regência do autor.
Marlos Nobre também convidaria Soler para o trabalho que foi um dos seus maiores orgulhos: coordenar, a partir de 1979, o pólo de Recife do Projeto Espiral, ação que o governo federal criou naquela época com o objetivo de formar músicos de cordas para as orquestras brasileiras. Isso levou Soler a ter um trabalho de iniciação violinística com ensino coletivo, aplicando um método desenvolvido por ele mesmo com adolescentes pobres da periferia do Recife. Esse método de ensino de violino, que Soler começou a desenvolver no Recife ainda no início dos anos 70, foi finalizado no início da sua estada em Florianópolis, resultando em um compêndio de cerca de uma dezena de volumes. Uma pequena parte foi publicada na Espanha, em 1993, pela Editora Real Musical, e o restante permanece até hoje inédito.
No Brasil, Soler também publicou livros de poemas, tanto autorais quanto traduções de poetas catalães. Manteve contato com a cidade de Barcelona durante a maior parte de sua vida, viajando para a cidade anualmente até quase os oitenta anos.
Como professor de violino, manteve-se sempre atualizado com o desenvolvimento do discurso musical. A esse respeito, o autor dessa biografia recorda seu primeiro encontro com Soler, em 1985. Naquele dia, o professor mostrou que estava realizando uma nova revisão para o Concerto k. 216, de Mozart, baseado em uma edição Urtext. Contou que essas revisões tinham se estabelecido fortemente no mundo inteiro e afirmou que não se podia mais tocar as grandes obras com as revisões que ele tinha usado quando aluno. Esse senso de atualização técnica também fica claro na concepção do seu método, que ele chamou Estudo Racional do Violino.
Solteiro e sem filhos, intelectual multifacetado, Soler promovia e participava frequentemente de encontros sociais, e apreciava muito a convivência com os familiares de seus alunos. Esoterismo e ocultismo eram temas frequentes em seus poemas e conversa certa em algum momento nesses eventos. Nestas reuniões Soler também gostava de mostrar o pendor culinário – era fino cozinheiro – e vez por outra fazia mágicas com cartas de baralho, para alegria dos seus alunos.
Luis Soler foi diagnosticado com Alzheimer aproximadamente aos 87 ou 88 anos. Sua saúde declinou rapidamente e, em um momento de lucidez, disse a um interlocutor que “há um ano, me sentia com quarenta anos, e agora, parece que a idade caiu inteira sobre mim”. Ele foi internado em uma clínica ainda no final de 2010, vindo a falecer na madrugada de 18 para 19 de fevereiro de 2011, semanas antes de completar 91 anos. Morreu solteiro, sem descendência direta, e apenas sete pessoas – quatro ex-alunos – acompanharam o ritual fúnebre de despedida. Seu corpo foi cremado e as cinzas lançadas, como ele pedira, numa região de Florianópolis que apreciava muito.
Em uma entrevista no final de 2010 – cerca de três meses antes de seu falecimento – quando relançava Quatro Poetas da Catalunha, questionado se sua vida não seria “um roteiro de filme”, assim ele respondeu a um jornalista:
- É um diário. Mas o diário sou eu – não é um caderno, um papel. Nasceu comigo, e vai morrer comigo.
Lluís Soler Rialp va néixer a Barcelona el 3 de maig de 1920. Va ser un músic i poeta que va desenvolupar la seva activitat artística a Catalunya fins al 1952, quan es va traslladar a l’Uruguai i posteriorment al Brasil, on es va nacionalitzar. Va tocar a l'Orquestra Simfònica de Porto Alegre, va ensenyar durant vint-i-cinc anys (1960-1985) a la Universitat Federal de Pernambuco i durant cinc anys (fins al 1990) a Florianópolis, on encara va donar classes particulars fins als vuitanta anys, completant quaranta anys d’activitat ininterrompuda d’ensenyament del violí al país. Després d'un breu període de senilitat, va morir a Florianópolis el 19 de febrer de 2011.
Va estudiar violí amb Eduard Toldrà, Marià Perelló i Joan Massià. Els seus estudis van ser interromputs per la Guerra Civil, durant la qual va ser metge. Al final de la guerra, va tenir un paper destacat en l'oposició cultural al franquisme, incloent-hi la publicació de dos llibres de poemes en català durant els anys quaranta (una activitat aleshores prohibida).
Entre la informació disponible sobre la seva carrera musical a Catalunya, destaquem que Soler va debutar en recital el 1944. El 1947 va interpretar un concert de Tartini i el Concert núm. 1 de Max Bruch, op. 26, amb l’Orquestra Filharmònica de Barcelona, i el 1950 va fer un cicle de tres recitals titulats “La sonata per a violí a Alemanya”, en què va tocar dotze sonates per a violí i piano de diferents autors (Bach, Telemann, Händel, Haydn, Mozart, Beethoven, Schubert, Schumann, Brahms, Richard Strauss, Max Reger i Hindemith); les va explicar una per una així com el desenvolupament de la sonata en la història de la música.
Durant la seva breu estada a l'Uruguai, va tenir contacte amb el director d'orquestra hongarès Pablo Komlós, el qual s’havia refugiat a Amèrica del Sud durant la Segona Guerra Mundial. Convidat per Komlós, Soler es va traslladar a Porto Alegre, capital de l’estat de Rio Grande do Sul, per tocar a la recentment creada Orquestra Simfònica de Porto Alegre (OSPA). Va romandre-hi tres anys, fins que va deixar el càrrec el 1960 per ensenyar violí a la Universitat Federal de Pernambuco, a la ciutat de Recife.
En els vint-i-cinc anys que va exercir de professor a la UFPE, Soler va ser el responsable del desenvolupament musical de la ciutat i la regió. Va tenir contacte amb la riquesa folklòrica del nord-est brasiler, fet que el va impulsar a emprendre una investigació etnomusicològica que va donar lloc a un llibre fonamental a la zona titulat Origens árabes no folclore do sertão brasileiro. També va treballar breument a la ciutat de João Pessoa, capital de Paraíba. Va dirigir l'Orquestra de Cambra de la UFPE, per a la qual va dur a terme nombrosos arranjaments per a orquestra de corda d'obres de tots els nivells tècnics i gèneres musicals. Com a violinista, va fer recitals a Alemanya el 1964 i a Espanya el 1966, i va interpretar l'estrena mundial d'una de les obres brasileres per a violí més interpretades, “Desafio III” per a violí i orquestra de cordes de Marlos Nobre, sota la direcció del mateix autor.
Marlos Nobre també convidaria Soler a coordinar, a partir del 1979, el centre de Recife del Projeto Espiral, una acció que el govern federal va crear en aquell moment amb l’objectiu de formar músics de corda per a les orquestres. Això va portar Soler a emprendre un treball d'iniciació al violí a través d’un ensenyament col·lectiu, aplicant un mètode desenvolupat per ell mateix amb adolescents pobres dels afores de Recife. Aquest mètode d'ensenyament del violí que Soler va començar a desenvolupar a Recife a principis dels anys setanta, es va completar quan es va establir a Florianópolis, i en va resultar un compendi de deu volums; una petita part va ser publicada a Espanya el 1993 per Real Musical i la resta roman inèdita fins avui.
Al Brasil, Soler també va publicar llibres de poemes de poetes catalans traduïts al portuguès. Va mantenir el contacte amb Barcelona la major part de la seva vida a través de viatges anuals a la ciutat fins als vuitanta anys. Com a professor de violí, va estar sempre al dia amb el desenvolupament del discurs musical. En aquest sentit, l'autor d'aquesta biografia recorda la seva primera trobada amb ell, el 1985. Aquell dia em va explicar que duia a terme una nova revisió per al Concert K. 216, de Mozart, basat en una edició Urtext. Va comentar que aquestes revisions s'havien establert fermament a tot el món i afirmà que ja no es podien tocar les grans obres amb les revisions que havia utilitzat com a estudiant. Aquest sentit d’actualització també és clar en la concepció del seu mètode, que va anomenar “Estudi racional del violí”.
Solter i sense fills, intel·lectual polifacètic, Soler promogué i participà sovint en tertúlies i li agradava molt conviure amb les famílies dels seus estudiants. L'esoterisme i l'ocultisme van ser temes freqüents en els seus poemes i en les seves converses. En aquestes reunions també li agradava mostrar la seves capacitats culinàries (era un bon cuiner) i, de tant en tant, feia màgia amb cartes per a delit dels seus estudiants.
A Lluís Soler se li va diagnosticar Alzheimer als vuitanta-set anys aproximadament. I la seva salut va empitjorar. Va ser ingressat en una clínica a finals del 2010 i va morir el 19 de febrer del 2011, setmanes abans de complir els noranta-un anys. Va morir sense descendència directa i només set persones −quatre antics estudiants− van assistir al funeral de comiat. El seu cos va ser incinerat i les cendres llançades, tal com havia demanat, en una regió de Florianópolis que apreciava molt.
En una entrevista a finals del 2010, uns tres mesos abans de la seva mort, quan va reeditar Quatro poetas da Catalunha, un periodista li va preguntar si la seva vida no serviria per fer una pel·lícula, a la qual cosa va respondre: “És un diari. Però el diari soc jo, no és un quadern, ni un paper. Vaig néixer amb mi i moriré amb mi”.